skip to Main Content

ENTREVISTA

Diretoria Executiva da Aprosul

 

Diretoria da Aprosul condena a exclusão da sociedade civil nas discussões do novo Plano Diretor de Goiânia e fala dos impactos deste na vida da comunidade

 

Nesta entrevista, a Diretoria Executiva da Aprosul denuncia a exclusão da sociedade civil nas discussões e elaboração do novo Plano Diretor de Goiânia e o impacto que as mudanças já anunciadas acarretarão à mobilidade urbana e qualidade de vida do goianiense em geral, e não somente aos moradores do Setor Sul.

 

 

O que o goianiense sabe, até momento, sobre o novo Plano Diretor (PD) de Goiânia?

Quase nada. A Prefeitura convidou para a discussão do plano diretor o mercado imobiliário e não convidou a população, os conselhos de classe ou as universidades, declarando explicitamente a quais interesses e a quem está atendendo. Essa postura é inaceitável. Nos surpreende o fato de a população do bairro não ter sido consultada em nenhum momento, até os dias de hoje. O princípio básico de um plano de bairro, estabelecido pelo Estatuto das Cidades, é a consulta à população. Sabemos que o plano de Goiânia está sendo elaborado há dois anos, e nós, moradores, ainda não recebemos nenhum convite ou abertura para participação.

 

Quais as mudanças mais impactantes propostas pelo novo PD?

1ª) O adensamento urbano estabelecido sem estudos de impacto de vizinhança ou de trânsito, sem respeito à preservação dos bens de memória do bairro, de seu patrimônio histórico e ambiental.

2ª) O incentivo à expansão urbana (com permissão, inclusive, da transformação indiscriminada de áreas rurais em áreas urbanas), enquanto grandes vazios urbanos permanecem desocupados, gerando gastos públicos enormes com a criação de infraestrutura (água, luz, pavimentação, transporte, dentre outros) para atender a esses novos loteamentos.

 

Como essas mudanças afetam a vida da população?

Tanto o adensamento quanto a expansão urbana afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores. Um adensamento mal planejado, feito sem estudos eficientes e aprofundados de impactos, prejudica a mobilidade, o conforto ambiental urbano como um todo, alterando gravemente a iluminação e ventilação naturais, diminuindo a drenagem urbana com excesso de impermeabilização do solo e diminuição de áreas verdes, que são importantes reguladoras da temperatura em uma cidade de clima seco e quente como Goiânia. A expansão urbana sem a ocupação do enorme vazio urbano existente, atende aos interesses do mercado imobiliário e gera gastos enormes ao poder público e ao bolso do contribuinte. A cidade tem carência de investimento em áreas públicas já consolidadas, em equipamentos urbanos, pavimentação e transporte. Maior expansão gera mais demanda de serviços, investimento público e redução da qualidade de vida da coletividade.

 

O que o PD prevê para o Setor Sul?

Um forte adensamento dos eixos de transporte público e o remembramento de lotes que têm acesso pelo eixo, com lotes que fazem fundo com as praças e ruas secundárias. Esse adensamento afetará sobremaneira o setor, trazendo excesso de pessoas e veículos para um bairro planejado para ser um bairro jardim, com praças e ruas estreitas, não preparadas para o trânsito intenso que virá, consequentemente.

Nos eixos de transporte não foram previstas áreas de estacionamento para esse adensamento populacional pretendido ou área de carga e descarga para o comércio, o que, claramente, atingirá as áreas verdes, praças e ruas internas. A ocupação desses espaços com trânsito e estacionamento de veículos ocasionará um grande desequilíbrio ambiental em um local cheio de árvores e habitado por grande variedade de pássaros e outros pequenos animais.

 

Como o novo projeto irá afetar a circulação das pessoas em locais onde já há alta densidade?

A confluência entre a Rua 90 e Avenida 136, por exemplo, e mesmo nas imediações, será um grande caos, se as deliberações já aventadas pelo grupo gestor mantiver no texto permissões que comprometem por inteiro a vida no bairro. O corredor criado para o eixo de transporte BRT, obra recente, cara e obsoleta, não atende às exigências mínimas de largura de vias e calçadas. Existem trechos onde uma cadeira de rodas ou carrinho de bebê mal consegue passar. O pedestre e o ciclista foram excluídos no projeto dos eixos.

 

O que a Aprosul defende?

A preservação e valorização do Setor Sul como um importante patrimônio urbano, histórico e ambiental, devendo ser tratado como um grande parque urbano central, que sirva a toda a cidade, e não apenas a seus moradores. Suas áreas verdes são pulmões no equilíbrio do microclima e drenagem do solo, numa capital que se verticaliza e que está cada dia mais carente de natureza e de espaços públicos de convivência. Reivindicamos um circuito de ciclovias interligando todas essas praças do bairro aos parques Flamboyant e Areião, e a calçadas acessíveis, que favoreçam o trânsito de pessoas caminhando.

 

O PD deveria prever a criação de uma área de importância histórica no tecido da cidade, incluindo bairros históricos como o Centro, Campinas e Setor Sul, onde não houvesse a destruição do que resta de memória do surgimento e formação inicial de nossa cidade. Assim como o patrimônio histórico, nosso patrimônio ambiental urbano deve ser preservado acima de qualquer outro interesse.

 

Quem é a Aprosul

A Aprosul é a sigla da Associação Pró Setor Sul, fundada em 17 de dezembro de 2020, por iniciativa dos moradores do Setor Sul, motivados pela necessidade de participação nas discussões e elaboração do novo Plano Diretor de Goiânia, e de serem ouvidos pelo poder público em seus anseios e demandas, conforme prevê o Estatuto das Cidades.

 

Entrevistados

Edmilson Moura, presidente

Paulo Baiocchi, vice-presidente

Márcia Guerrante, diretoria de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo

Aline Mello, diretora de Assuntos Comunitários

 

Contato para entrevista

Associação Pró Setor Sul – Aprosul

aprosulgyn@gmail.com

 

Back To Top